Resenha do livro Alguém para confiar
- Bia Isaac
- 3 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 17 de jun.
"O amor verdadeiro não se trata de perfeição. É sobre encontrar alguém com quem você possa ser você mesma, sem medo de ser julgada."

Editora: Editora Charme
Autora: Mary Malogh
Sinopse: Elizabeth é viúva há vários anos e finalmente está pronta para se casar novamente — se conseguir encontrar um homem de caráter firme em quem possa confiar para sempre tratá-la com carinho e respeito. Ela acredita ter encontrado esse homem em Sir Geoffrey Codaire, que a pediu em casamento há alguns meses, quando ela ainda não estava pronta para aceitar, e prometeu pedir novamente quando ela estivesse preparada. Ela aguarda ansiosamente vê-lo novamente durante a próxima Temporada em Londres. Enquanto isso, Elizabeth está passando o Natal no campo com seu irmão e a esposa, o conde e a condessa de Riverdale, e toda a família Westcott. Também está lá Colin Handrich, Lorde Hodges, irmão da condessa. Elizabeth e Colin iniciam uma amizade calorosa, que culmina em um beijo inesperado quando eles caem na neve durante um passeio de trenó. Ambos ficam terrivelmente constrangidos depois, pois Elizabeth é nove anos mais velha que ele. Colin tem vinte e seis anos e está apenas começando a decidir assumir as responsabilidades do título e das propriedades que herdou aos dezoito anos. Sua decisão é complicada pelo fato de haver cortado relações com sua mãe, que mora em sua casa de direito e exerce considerável influência sobre certos elementos da sociedade. Ele acredita que pode afirmar melhor sua posição casando-se e mudando-se para a casa com sua esposa. Ele espera passar a Temporada em Londres, escolhendo uma noiva entre as jovens damas que estarão lá fazendo sua estreia. Ele é fortemente atraído por Elizabeth, a quem vê como a mulher perfeita — perfeitamente equilibrada e bela, perfeitamente madura e em paz consigo mesma. Ele cultiva sua amizade, e combina de dançar uma valsa com ela em todos os bailes que ambos frequentarem durante a Temporada, mas nega para si mesmo que sente-se atraído por ela. Como poderia sentir-se? Ele é muito mais jovem do que ela. Mas essas valsas acabam por levá-los a uma catástrofe que vai abalar ambos os planos — assim como as ideias preconcebidas sobre seu relacionamento.
Alguém para confiar é o quinto livro da série Westcott, da autora Mary Balogh. Nele, Elizabeth, irmã do Conde de Riverdale, decide se casar de novo depois de perder seu marido há alguns anos. Durante as festividades do Natal, ela inicia uma amizade com Colin, seu cunhado, que também busca uma esposa. Apesar da atração mútua, ela sabe que um casamento nunca poderia acontecer por causa da diferença de idade entre os dois. Ela é 9 anos mais velha que ele, e seria inaceitável para o ton (termo que se refere à alta classe da era da Regência) esse relacionamento acontecer.
Elizabeth, então, é pedida em casamento por Sir Codaire, que já tinha demonstrado interesse por ela no passado, quando ainda não estava pronta para firmar um noivado com ninguém. Dessa vez, ela aceita o pedido, mas no fim descobre que ele não é um homem de confiança, com quem pode se sentir segura. Enquanto isso, Colin tem que lidar com o complicado relacionamento que tem com a sua família, ao mesmo tempo que precisa decidir sobre o que fazer com o que sente por Elizabeth.
A história retrata bem a dinâmica social da aristocracia naquela época: ações e relações firmadas pelo decoro e pela fofoca, que se espalhava rapidamente como fogo no palheiro. Uma reputação poderia ser manchada em um piscar de olhos, independente da posição da pessoa e de seu senso ético. A protagonista, uma mulher que sofreu por muitos anos em um casamento abusivo e demonstrou um comportamento impecável em suas aparições nos últimos livros, tem sua vida virada de cabeça para baixo por causa do achismo momentâneo de outras pessoas, que a julgam principalmente pela sua idade.
Não é a primeira vez que o etarismo é altamente criticado em um romance de época. Muitas autoras fazem questão de dar um final feliz para suas protagonistas, vistas como mulheres velhas e ignoradas socialmente em razão de sua idade. O romance de Elizabeth e Colin, nos traz uma visão mais moderna e feminista, já que não era problema nenhum para um homem de mais idade se casar com uma jovem, o problema era a situação inversa.
Além disso, Mary Balogh retrata a obsessão pela juventude, uma questão contemporânea recorrente, através da mãe de Colin, uma senhora que se recusa a aparecer em qualquer ambiente iluminado a menos que esteja usando um véu para esconder as suas rugas. Ela vira uma figura de entretenimento em todos os lugares que frequenta, principalmente por serem aparições que acontecem raramente, ficando reclusa em casa e só estabelecendo relações com pessoas que acha dignamente bonitas.
Os protagonistas lidam com seus problemas com classe e nos mostram que até mesmo aqueles que nos fazem mal merecem nossa delicadeza e compreensão, principalmente por não sabermos que condições os fizeram agir de tal modo. A graça de Elizabeth e sua coragem de enfrentar situações de cabeça erguida anima o leitor a chegar no fim do livro, tornando este uma história que vai ser muito amada por qualquer um.

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