Resenha do livro Pessoas Normais
- Bia Isaac
- 15 de mai.
- 3 min de leitura
“Quando ela toca nele espontaneamente, aplicando um pouco de pressão em seu braço, ou até estendendo o braço para tirar um fiapinho de sua gola, ele sente uma onda de orgulho e torce para que os outros estejam vendo.”

Editora: Companhia das Letras
Autora: Sally Rooney
Sinopse: Na escola, no interior da Irlanda, Connell e Marianne fingem não se conhecer. Ele é a estrela do time de futebol, ela é solitária e preza por sua privacidade. Mas a mãe de Connell trabalha como empregada na casa dos pais de Marianne, e quando o garoto vai buscar a mãe depois do expediente, uma conexão estranha e indelével cresce entre os dois adolescentes ― contudo, um deles está determinado a esconder a relação.
Um ano depois, ambos estão na universidade, em Dublin. Marianne encontrou seu lugar em um novo mundo enquanto Connell fica à margem, tímido e inseguro. Ao longo dos anos da graduação, os dois permanecem próximos, como linhas que se encontram e separam conforme as oportunidades da vida. Porém, enquanto Marianne se embrenha em um espiral de autodestruição e Connell começa a duvidar do sentido de suas escolhas, eles precisam entender até que ponto estão dispostos a ir para salvar um ao outro. Uma história de amor entre duas pessoas que tentam ficar separadas, mas descobrem que isso pode ser mais difícil do que tinham imaginado.
Pessoas Normais é o segundo livro da autora Sally Rooney. Com uma narrativa íntima, ela nos apresenta a relação de Marianne e Connell, dois jovens irlandeses que cresceram em realidades sociais diferentes. Eles estudam na mesma escola, onde ela é vista como esquisita, e ele é super popular - parece bem clichê, mas a história foge disso.
Connell costuma ir até a casa da Marianne buscar a mãe, que trabalha lá como faxineira. Nesses encontros meio casuais, os dois acabam se aproximando e começam a sair em segredo. Fora da escola, eles têm uma conexão intensa e passam muito tempo juntos. Mas, nos corredores, agem como se fossem completos estranhos.
O enredo foge do romance tradicional. Não há grandes gestos, declarações ou finais felizes - e é isso o que torna tudo mais verdadeiro. As interações entre os personagens são cruas, mostrando ao leitor pequenos momentos de uma intimidade profunda, marcada mais pelo que não é dito do que pelas palavras em si. Mas nem todos os encontros são felizes: a autora retrata traumas, inseguranças e o desconforto de crescer e se tornar adulto dentro de uma relação real.
De início, a leitura pode ser um pouco confusa para quem não está habituado com sua escrita direta, sem destacar as falas com aspas ou travessão, mas conforme a história te puxa para dentro, o texto segue seu caminho com fluidez. Rooney é uma observadora nata das emoções humanas e consegue nos contar muita coisa sem escrever muito, mostrando que até os silêncios carregam peso emocional. É uma escrita que não grita, mas sussurra nos nossos ouvidos, e justamente por isso, impacta mais.

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